sexta-feira, 28 de abril de 2017

O AUTOR (A)MORAL


O AUTOR (A)MORAL

     Podemos contornar o Mundo vezes sem conta, percorrer os locais mais recônditos ou observar a vida ao virar da esquina e encontraremos amiúde exactamente as mesmas coisas, um cíclico déjà vu que não se extingue. Às vezes, é reconfortante, porque o que reconhecemos, sabe-se lá de onde, faz-nos crer na bondade essencial da espécie humana. Outras vezes, qualquer coisa inquietante e tenebrosa assoma de um olhar, de um arreganhar de dentes, de uma frase sibilina, uma mentira de punhal em riste, um acto gratuito, cruel e inverosímil que nos deixa mudos e nos faz rever os limites da maldade humana. Limites que nunca conseguimos abarcar completamente, por entre o nevoeiro denso da dissimulação e a imensidade da inventiva humana. Revemos o paradigma linguístico da desumanidade em busca de um novo termo para designar tal acto, mas não o encontramos. As palavras ficam sempre aquém dos actos, mesmo quando as palavras conduzem os actos ou são actos em potência ou em si mesmas.
     Coloquemos numa ilha uma dezena desses seres em partes iguais. Peçamos-lhes apenas que inventem qualquer coisa nova, cada qual com os seus métodos próprios. A probabilidade de os perversos idearem e fazerem sempre qualquer coisa que prejudicará ou fará sofrer os benevolentes será de 100% ou quase. Ao invés, os bondosos terão tendência para idear algo benéfico para si mesmos e para os outros. Os mais altruístas poderão até esquecer-se de si mesmos e fazer apenas algo pelo bem dos outros, mesmo pelos que lhes fazem mal. E, felizmente, haverá sempre os ingénuos e idealistas, que se esquecerão de todo o mal, passado ou presente, e tudo farão como se todos fossem bons e tudo fosse sempre a primeira vez.
     Os manuais de Caracteriologia não admitem esta divisão da humanidade, porque, em rigor, ela não existe e porque todos somos loucos em potência. Todos possuímos vectores neuróticos ou psicóticos que, levados a um certo ponto, nos fazem ultrapassar a fronteira entre a sanidade e a insanidade. Revela-se então a matriz adormecida e assim nascem, de dentro de si mesmos, anjos e demónios. Talvez os seres muito bons sejam, afinal, uma espécie de loucos, seres que nunca se adaptaram à realidade como ela é. Quando a malvadez nos parece exceder todos os limites da natureza humana, falamos também de loucura, dizemos que “parece louco”, que “não está em si”, que teve um apagão da consciência. Claro que esta é uma visão incompleta e simplista da loucura. Há loucos bons, muito bons, muito inteligentes, muito conscientes e extremamente sinceros, os mais sinceros e autênticos de todos. Para eles não há freio social e, no entanto, não ferem, não mentem nem destroem. Em algumas culturas antigas, estes loucos bons eram pedagogos, seres sábios que cuidavam e instruíam as crianças. Limitavam-se a ser eles mesmos.
     Os loucos verdadeiramente perigosos são aqueles que parecem perfeitamente sãos, são os mestres da dissimulação. O Iago, de Otelo, é um mestre da dissimulação e da manipulação. A sua louca perversidade não é apenas uma força incontrolável que irrompe de si mesmo. É uma construção muito racional e fria. Ele conhece a sua própria natureza e a natureza dos outros e pretende controlar tudo como um deus omnisciente e amoral. As suas ciladas é que conduzem à tragédia. É ele o autor (a)moral do assassinato de Desdémona, cometido por Otelo. Tem de enfraquecer e eliminar Otelo. Em vez de o eliminar directamente, faz com que ele se autodestrua, destruindo o mundo em seu redor, os alicerces que o faziam forte e um grande líder. A semente do ciúme, semeada paciente e subrepticiamente por Iago no espírito de Otelo, vai levá-lo a acreditar que a sua inimiga é Desdémona, sua mulher. E Iago, o autor da cilada, passa por amigo dedicado que zela pela sua honra e dignidade. Os melhores valores e sentimentos são subvertidos. A lealdade de Iago é apenas a máscara da traição. A traição de Desdémona é a mentira que conduzirá à sua morte.
     O que conduz Iago é a ambição, a inveja, a sede de poder. Para alcançar o poder social, político e militar usa outro poder, o poder de penetrar no íntimo dos adversários (inveja Cássio, despreza Otelo). Descobre-lhes as fraquezas, as idiossincrasias, os vícios e as virtudes e tudo usa para construir a sua trama. De certo modo, ele conduz Otelo à loucura, fá-lo crer no que é falso e Otelo reage à mentira que toma por verdade. O mais perturbador em Otelo é precisamente o modo como se deixa ludibriar, não questiona o carácter de Iago mas o de Desdémona. Esta espécie de solidariedade masculina tolda-lhe o discernimento e impede-o de ver o inimigo que lhe segreda mentiras ao ouvido e manipula as fraquezas da alma. Antes de matar Desdémona, Otelo mata o amor dentro de si. O Otelo-assassino já não é o Otelo que ama, é apenas o homem fraco que se deixou manipular. 
     O lenço, que Iago diz estar nas mãos de outro homem (Cássio), com o qual Desdémona não teve qualquer relacionamento amoroso, era um símbolo do amor e da fidelidade entre Otelo e Desdémona. Otelo oferecera-o a Desdémona e Iago apropriara-se dele, servindo-se de Emília, sua mulher, e depositara-o na casa de Cássio. Iago conhecia suficientemente a mente masculina e, em particular, a mente de Otelo. Fala-lhe ao ouvido do “monstro de olhos verdes”, o ciúme. Sabia que ele não perdoaria qualquer infidelidade e que a consequência previsível seria o assassinato de Desdémona e de Cássio, por vias diferentes. E deste modo, Iago teria o caminho livre para avançar e triunfar.
     Cássio fora nomeado por Otelo seu lugar-tenente, lugar ambicionado por Iago. Por seu turno, Desdémona era filha de Brabâncio, senador de Veneza, homem rico e poderoso, que concedera a Otelo a mão da filha, depois de ser conhecedor das suas façanhas bélicas na guerra contra os Turcos. O sucesso de Otelo só aumenta a inveja e o ódio de Iago. No entanto, quanto mais desprezível se torna nos seus intentos e nos seus actos, mais fiável e amigo parece aos olhos de Otelo. É a lógica interna da mentira a corroer a clarividência da verdade. 
     Iago acredita de forma fervorosa na maldade como outros acreditam na bondade; diz ter sido concebido por um deus cruel que o fez à sua imagem. Já que não consegue alcançar os seus objectivos por mérito próprio e meios honestos, decide atingi-los pelos meios mais maquiavélicos. A vida de Desdémona ou de Emília, sua mulher, que ele próprio assassina, não tem qualquer valor para ele. Ambas foram meros instrumentos para alcançar os seus fins. Com a trama que ideou, Iago consegue que Otelo perca tudo o que conquistara, incluindo a própria vida. Depois de Emília revelar a trama concebida por Iago, Otelo não suporta a dor da culpa e suicida-se. Iago assassina Emília e foge. Rodrigo, instigado por Iago, tenta matar Cássio, mas apenas o fere.
     A ironia justiceira reside no facto de Cássio ter sobrevivido e ter ocupado o lugar de general que a morte de Otelo deixara vago; Iago é capturado e encarcerado; e as riquezas de Otelo (o Mouro) vão cair nas mãos de Graciano, irmão de Brabâncio, que entretanto falecera. E mais uma vez fica a impressão de que nas verdadeiras tragédias nunca é possível fazer justiça, nem a favor das vítimas nem contra os culpados, pela simples razão de que nenhum acto pode ser desfeito, sobretudo ninguém pode “desmatar”. E a autoria (a)moral dos crimes não desculpabiliza a autoria material. 
     Esta tragédia de Shakespeare obriga a uma reflexão sobre a natureza humana em geral e sobre a autoria moral dos actos em particular. Faz ainda questionar a relação entre os actos e as circunstâncias que os permitem ou potenciam e, mais uma vez, coloca a mentira no cerne das tragédias humanas, das grandes e das pequenas. 
     Desta vez, os alunos interpretaram apenas um excerto da peça e acrescentaram-lhe um elemento redentor, que não desfaz a tragédia. Após a morte, os amantes reencontram-se, num reino onde não tem lugar a mentira e o engano. O cenário, em que constrastava o branco e o negro, representou bem a antítese entre dois mundos incompatíveis e a impossibilidade de purificar a natureza humana. O antes é o negro, a mentira que contamina a vida como um vírus mortífero. O depois é o branco, o emergir da verdade e da consciência, algures para lá da vida.
     Parabéns, pela vossa interpretação e pelo cenário!

Interpretação:

Diana Pião
João Morgado
Ruth Máximo

Encenação: 

Diana Pião
João Morgado
Ruth Máximo




PATOLOGIA LITERÁRIA


     Enquanto elaborava este artigo, fui fazendo uma recolha de terminologia clínica que se inspira na Literatura. São muitos os termos da patologia psicológica decalcados de obras literárias, por analogia com a realidade ou por ser mais fácil usar um termo já existente do que criar uma nova palavra. Provavelmente, foi Freud quem inaugurou esta tendência com o complexo de Édipo e de Electra. A partir daí, a lista não parou de crescer. E, nas últimas décadas, a fonte não foi apenas a Literatura mas também o Cinema. 
     E assim se alcançou a solução de um problema linguístico, muito conveniente para a Ciência mas de efeito duvidoso para a Literatura. A partir do momento em que o termo clínico se vulgariza e se torna mais conhecido do que a personagem que o inspira, esta deixa de ser quem era para se tornar uma convenção formal. É a Ciência a moldar a interpretação e o conhecimento literário. E assim, Édipo fica reduzido ao filho que se fixa na mãe e sente ciúmes do pai; Medeia passa a ser apenas a infanticida, Otelo passa a ser apenas o homem que sofre de ciúme mórbido. Estes clichés, retirados da terminologia científica e depois banalizados, acabam muitas vezes por condicionar a leitura das obras literárias e baralhar as relações entre a “Vida e a Arte”. Neste contexto, parece ser a Vida a imitar a Arte, mas não é bem assim. A Ciência limitou-se a identificar na Arte o que já conhecia na Vida mas não sabia nomear. Neste caso em particular, o aforismo de Oscar Wilde aplica-se apenas parcialmente e de um modo muito subjectivo.
       
     «A vida imita a arte muito mais do que a arte imita a vida.»

Oscar Wilde


PEQUENO GLOSSÁRIO DE PATOLOGIA LITERÁRIA

I – COMPLEXOS

1 – Complexo de Bambi – Designação popular dada a atitudes excessivamente sentimentais em relação à vida selvagem. Inclui-se aqui a aversão aos caçadores. Parece-me um complexo muito saudável.

2 – Complexo de Cinderela – Caracteriza-se pelo medo da independência e pela necessidade de ter sempre um guia ou protector. Aplica-se também aos idealistas que esperam eternamente pelo par perfeito.

3 – Complexo de Édipo – Inspirado na tragédia de Sófocles, Édipo Rei. Fixação de um filho do sexo masculino na figura da mãe. «O complexo de Édipo é também parcialmente convertido em energia necessária à criança para a socialização através do processo que Freud designou por sublimação.» Em Psicanálise, fala-se também do Complexo de Édipo Invertido: «Reverso do papel dos pais, na fase de Édipo relativa ao desenvolvimento psicossexual, de forma que um progenitor do mesmo sexo se torna objecto de afeição libidinal.» (Cf. Dicionário de Psicologia, J. P. Chaplin, Publicações Dom Quixote, Lisboa, 1981).

4 – Complexo de Electra - Fixação da filha na figura do pai. É o correspondente ao Complexo de Édipo no género feminino.

5 – Complexo de Griselda - «Griselda era um modelo de pureza, virtude e infinita paciência femininas largamente celebrado em romances medievais. Nome dado por Putnam ao complexo do pai em relação à sua filha. No complexo pai-filha, ou complexo de Griselda, como Putnam lhe chamou, o pai reluta inconscientemente em ceder sua filha a um outro homem, pois não deseja separar-se dela. A expectativa do casamento da sua filha, a futura mãe, reactiva o mais antigo anseio edipiano pela sua própria mãe. A reluctância do pai em ceder sua filha a um outro homem é, com frequência, levemente disfarçada sob o pretexto de solicitude altruísta pelo bem-estar da filha.»

6 – Complexo de Jocasta – Também inspirado na história de Édipo Rei. Jocasta era mãe de Édipo. Designa a ligação obsessiva e mórbida da mãe ao filho.

7 – Complexo de Lear – Aparece descrito por Arpad Pauncz na obra Psicopatologia do Rei Lear de Shakespeare. Assemelha-se ao complexo de Édipo, mas neste caso é o pai que se sente atraído pela filha.

8 – Complexo de Medeia – Inspirado na obra homónima de Eurípedes. Designa a compulsão para matar os próprios filhos. Esqueceram-se que Medeia não existia sozinha no mundo, esqueceram-se dos Argonautas, de Jasão, de Creonte, da conquista das minas de ouro da Cólquida, de todas as circunstâncias e do próprio mito em que Medeia não mata os filhos. Aí é o pai, Jasão, que os repudia e manda eliminar. Aliás, o infanticídio, demasiado comum na Antiguidade, dependia exclusivamente da decisão dos homens, do chefe da família ou das autoridades locais. Espantoso, não é? Esqueceram-se de inventar o Complexo de Jasão…

10 – Complexo de Orestes – Designa o desejo de o filho matar a mãe. O matricídio surge não como consequência do ódio pela mãe mas como manifestação do medo de perder a mãe ou como reacção à rejeição. «Orestes, filho de Agamenon, rei de Micenas, que matou sua própria mãe, Clitemnestra, e o amante dela, Egisto, por terem assassinado seu pai. Termo da psicopatologia proposto para o matricídio ou o desejo que o filho tem de matar sua própria mãe. Frederick Wertham acredita tratar-se de um complexo universal, como o complexo de Édipo. A maioria dos psicanalistas discorda dessa opinião e acha, pelo contrário, que, quando ocorre, o complexo de Orestes é uma decorrência do complexo edipiano e uma reação do menino à rejeição ou frustração causada pelo objeto de amor edipiano, a mãe.»

11 – Complexo do Superhomem – Foi designado assim pelo psiquiatra Frederick Wertham, em 1954. Aplica-se a uma pessoa que tem tendência para pensar que pode resolver qualquer problema, sacrificando de modo perigoso necessidades básicas como o sono ou a alimentação. 

12 – Complexo de Wendy – Inspirado na obra de James Matthew Barrie, Peter Pan. Aplica-se àqueles que gostam muito de cuidar dos outros, por vezes fazendo grandes sacrifícios. Vêem-se a si mesmos como protectores, embora possam ser pessoas frágeis que ocultam os seus medos ajudando os outros.


II – SÍNDROMES

1 – Síndrome de Bartleby – Designação inspirada no escrivão Bartleby (Bartleby, The Scrivener, de Herman Melville). Pessoa que tem dificuldade em fazer escolhas, emitir opiniões ou assumir compromissos. É também designada como a “atracção pelo nada” e sintetiza-se na frase evasiva do próprio Bartleby que repete amiúde «I would prefer not to.»

2 – Síndrome da Bela Adormecida - Designação popular dada à Síndrome de Kleine-Levin, aplicada às mulheres. Caracteriza-se por uma tendência constante para adormecer e por dormir excessivamente. No estado de vigília, a pessoa afectada sofre de desorientação e falta de energia permanente. (Cf. Síndrome de Rip Van Winkle)

3 – Síndrome de Cinderela – Tendência de algumas crianças para contarem histórias exageradas sobre a forma como são maltratadas pelos pais ou pelos padrastos. Infelizmente, não é pura ilusão.

4 – Síndrome de Don Juan – Compulsão doentia para seduzir, independentemente dos afectos. As relações amorosas tornam-se apenas um jogo de conquista. Conduz a uma sensação de esvaziamento e insatisfação constante.

5 – Síndrome de Dorian Gray – Inspirada no protagonista da obra homónima de Oscar Wilde. Designa uma forma de narcisismo doentio. Caracteriza-se pelo medo de envelhecer e uma preocupação excessiva com o corpo e a beleza física. A ciência e os charlatães vieram iludir e mitigar este medo com cirurgias plásticas, drogas milagrosas e infinitos elixires da eterna juventude. Pobres, coitados! Se a alma estiver velha, pouco há a fazer pelo corpo. Ilusões e enganos que envelhecem e matam por dentro e por fora, mesmo os mais jovens. Vivam os cabelos brancos e os sonhos das eternas crianças!

6 – Síndrome de Gabriela – Inspirada na obra homónima de Jorge Amado. É um transtorno psicológico que consiste na negação da mudança. As pessoas afectadas por este mal costumam ser pessimistas mas resilientes. Têm dificuldade em aceitar críticas.

7 – Síndrome de Huckleberry Finn – Inspirada no protagonista da obra de Mark Twain, caracteriza o comportamento errático e irresponsável de jovens e adultos que não conseguem assumir responsabilidades e ter um comportamento estável. É imputada, por alguns, a uma infância difícil. Não são eternas crianças, são apenas egoistas e irresponsáveis… Parece-me mais um traço do carácter do que uma doença. Enfim, uma desculpa pouco credível…

8 – Síndrome de Madame Bovary – Inspirada na protagonista da obra homónima de Gustave Flaubert. Aplica-se aos adúlteros, homens ou mulheres, que vivem constantemente insatisfeitos e incapazes de sentir sentimentos profundos. Numa visão mais lírica, aplica-se aos que acham que a realidade nunca está à altura das suas ilusões. Amam-se mais a si mesmos e aos seus caprichos do que aos outros. Gente perigosa que deve ser evitada… 

9 – Síndrome de Münchausen – Inspirada no lendário barão de Münchhausen (Karl Friedrich Hieronymus von Münchhausen (11/5/1720 – 22/2/1797). O duplo "h" no nome de Münchhausen levava-o a defender-se dizendo que não era ele mas outro o tal "gabarolas inventor de patranhas". Também designada como transtorno factício. Caracteriza-se pela tendência para a constante efabulação e a invenção de factos. Aplica-se também àqueles que simulam uma doença para obterem a atenção dos outros. Ao contrário dos hipocondríacos, que acreditam estar mesmo doentes, estes sabem perfeitamente que não estão doentes, apenas querem convencer os outros disso. 

10 – Síndrome de Ofélia – Ian Carr usou o nome de Ofélia, amada de Hamlet, para designar uma doença neuropsiquiátrica caracterizada pela perda de memória, alucinações e depressão. Pode ser estimulada pelo “linfoma de Hodgkin”. As pessoas afectadas por este linfoma experimentam frequentemente mudanças súbitas de personalidade, tal como acontece com aquelas que padecem da síndrome de Ofélia.

11 – Síndrome de Otelo – Inspirada na obra homónima de Shakespeare, designa o ciúme doentio sem causa evidente. Forma de ciúme delirante cientificamente designado como Transtorno Delirante Paranóico. Numa perspectiva mais benévola e compreensiva, designa o medo de perder o ser amado. Tem causado demasiadas dores e demasiadas mortes.

12 – Síndrome de Peter Pan – Inspirada na obra homónima de James Matthew Barrie. Assemelha-se à Síndrome de Huckleberry Finn. Aplica-se à pessoa que se recusa a crescer e a assumir responsabilidades. (Cf. Complexo de Wendy).

13 – Síndrome de Pickwick – Inspirada n’ O Diário Póstumo do Clube Pickwick, de Charles Dickens. Também designada como Síndrome da Obesidade-Hipoventilação. Afecta pessoas obesas que respiram com dificuldade, resultando em sonolência e dores de cabeça frequentes devido à baixa oxigenação do cérebro.

14 – Síndrome de Poliana – Inspirada no clássico infanto-juvenil de Eleanor H. Porter. Designa pessoas patologicamente optimistas que acreditam sempre no melhor mesmo quando não há o mínimo motivo para se ser optimista. Faz-me lembrar, simultaneamente o Dr. Pangloss do Cândido, de Voltaire e o filme A Vida é Bela. Há qualquer coisa de muito humano e comovente nesta perspectiva da vida. Aplica-se certamente aos que nunca perdem a esperança, sejam quais forem as circunstâncias.

15 – Síndrome de Rapunzel - Manifesta-se através da tricotilomania (hábito compulsivo de arrancar os próprios cabelos) e da tricofagia (vontade doentia de comer os próprios cabelos). É capaz de ser bastante indigesto. 

16 – Síndrome de Rip Van Winkle – Também conhecida como Síndrome de Kleine-Levin, aplicada ao género masculino (cf. Síndrome da Bela Adormecida). Inspira-se no conto homónimo de Washington Irving. Rip Van Winkle adormece durante 20 anos depois de ter ingerido uma bebida alcoólica que lhe fora oferecida por um velho que encontrara na floresta. Designa a propensão para adormecer constantemente, dormir por longos períodos e perder a vitalidade no estado de vigília. Alguns cientistas acreditam que a causa reside no funcionamento do hipotálamo e poderá ter uma origem genética.

17 – Síndrome de Stendhal – Inspira-se numa experiência pessoal do próprio Stendhal durante uma visita a Florença. Stendhal ter-se-á sentido possuído de modo avassalador pela beleza das obras de arte que contemplava. Genericamente, designa o deslumbramento perante uma obra de arte. De modo mais informal, é também designada como uma “overdose de beleza”. Conheço perfeitamente a sensação e aplica-se a múltiplas formas de Arte. Corresponde àquilo a que alguns chamam “emoções estéticas” e nada tem a ver com modelos convencionais de “beleza”. Tem tudo a ver com visão interior e emoções.



Othello - Shakespeare, photography by São Ludovino.






 Othello - Shakespeare, photography by São Ludovino.

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Othello - Shakespeare, photography by São Ludovino.




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