domingo, 31 de dezembro de 2023

Palavras Antigas - VIII

 ETERNIDADE

O som do vento na lezíria
É constante e leal
Mesmo quando se dilui no restolhar melódico
Dos grados arrozais ondulantes.
Está sempre lá, mesmo inaudível.

Segue-o na dança a alma completa
Um olhar lento de ermita que realizou todos os desejos
Realiza-os em cada instante só porque vive
E se extingue e revive no murmúrio que vai passando.
O sono completo do criador em cada grão
Que viceja e alimenta a mão que cuida
A garça que passa, a mesa de tanta gente
O espanto contente das aves que voltam sempre
À mesma aldeia lacustre.

E ao redor
Ninguém para ouvir a melodia ou medir o silêncio
Ninguém para ver ou subtrair o inefável.
A vida anda à solta
Sensação pura.
Longe de todas as dúvidas e definições
O infinito pode ser plenamente infinito.
Longe da pequenez dos homens,
Que importa a eternidade
Se a eternidade é isto?...

Suy / São Ludovino, 11/12/1987

Praia do Ribeiro do Cavalo, Sesimbra, Portugal, photography by São Ludovino, 2015.

Praia do Ribeiro do Cavalo, Sesimbra, Portugal, photography by São Ludovino, 2015.

Praia do Ribeiro do Cavalo, Sesimbra, Portugal, photography by São Ludovino, 2015.


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