Outro fragmento de um "texto interminável" sobre a História do Mundo que, tal como a História, continua em execução... Esta é apenas a primeira parte. Outras três ou quatro já estão concluídas e alguns detalhes talvez até já se tenham tornado anacrónicos, outros são quase premonitórios.
ALIMENTO DAS
ERAS
I - ALIMENTO
ESPONTÂNEO
(Mundo, 100… 1000…1800…)
Se os campos se trabalhassem a si mesmos
E as searas crescessem sem suor nem sacrifício
Tal como as flores silvestres, os líquenes
E os amplos arcos de luar
Se todo o alimento caísse das nuvens
Como chuva miúda e benigna
Reunida na paz viajante
De rios gigantescos e riachos anónimos
Se todas as mesas se cobrissem
Igualmente de pão e frutos
Que se renovassem a si mesmos
Sobre todas as mesas essenciais
Se se dividissem as tarefas
De sobreviver e fazer viver
Com equilíbrio e equidade
Pendendo a balança do labor e do ócio
De igual modo para todos os braços
Se o próprio declive dos montes
Tomasse nas mãos todo o peso
De todas as pedras do caminho
E libertasse Sísifo e Prometeu
Então, sim, o irmão seria irmão
E o servo uma fantasia estranha
Que nunca sangrou nem morreu
Pelos outros, não por si, não pelos seus.
A nova máquina, que não é serva
Mas instrumento e substituto
Símbolo do mundo novo
Não cobriu todas as mesas de alimentos.
Algumas mesas continuam apenas
Cobertas de suor e fadiga
Outras definham na inexistência…
São Ludovino, 19/1/2024
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